Poema da Semana

As Casas à Flor da Pele

Há casas que, nas pessoas,
são arbustos de luz ou urzes:
sarças ardentes sem costura
Há casas que, amassadas,
fazem-se pão, com suor, lágrimas:
demasiado vivas para morrer.
Há casas enleadas em arco-íris
com varandas amplas
para a lucidez dos moradores.
Há casas que são planícies
de aconchego.
Habitamo-las como quem
desespera da procura
ou permanece sedimentado no meio da rua.

João Manuel Ribeiro, in "Efeitos secundários"

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