Ilustre Desconhecido: Aquilino Ribeiro

Aquilino Ribeiro visto por Artur Bual (1964)


Considerado um dos maiores romancistas portugueses do século XX, Aquilino Gomes Ribeiro nasce a 13 de Setembro de 1885 em Carregal de Tabosa, Concelho de Sernancelhe.

Aos dez anos, muda-se com a família para Soutosa, onde frequenta o Ensino Primário, e mais tarde para Lamego e Viseu, onde estuda Filosofia. Em 1900, obedecendo a um desejo da mãe, entra para o Seminário de Beja, que viria a abandonar por falta de vocação.

Em 1906 instala-se em Lisboa onde se compromete com a causa republicana, colaborando com o jornal A Vanguarda. No ano seguinte, acusado de anarquista, é detido. Em 1908, depois de se evadir da prisão, vive clandestinamente e ruma a Paris onde, em 1910, inicia os seus estudos na Faculdade de Letras da Sorbonne. Nesta cidade conhece a sua primeira mulher, a alemã Grete Tiedermann, o que o leva a viver em Berlim durante alguns meses do ano de 1912. Em 1914 nasce o seu primeiro filho, Aníbal, e regressa a Portugal, sem ter terminado o curso, aquando da eclosão da Grande Guerra. É colocado como professor no Liceu Camões.

Em 1918, publica o seu primeiro romance, Vida Sinuosa, que dedica ao pai. No ano seguinte, entra para a Biblioteca Nacional e inicia uma produção regular. Integra, em 1921, a direcção da revista Seara Nova.

Entre 1927 e 1928, perde a mulher e participa nas revoltas contra o Estado Novo, o que lhe vale mais uma ordem de prisão e um novo exílio em Paris, onde volta a casar-se, desta feita com Jerónima Dantas Machado, filha de Bernardino Machado (com quem viria a ter um filho, Aquilino Ribeiro Machado, presidente da Câmara Municipal de Lisboa entre 1977 e 1979).

A partir de 1935 a sua produção literária torna-se mais fecunda. Em 1956, é fundador e presidente da Sociedade Portuguesa de Autores, e dois anos mais tarde, eleito sócio efectivo da Academia das Ciências de Lisboa. Em 1958, a Censura apreende a sua obra Quando os Lobos Uivam e leva-o a tribunal. É militante da candidatura de Humberto Delgado à presidência da República. É proposto para o Prémio Nobel da Literatura em 1960. em 1963, comemoram-se os 50 anos do seu percurso literário e é alvo de homenagens por todo o País. Adoece subitamente e morre, em Lisboa, a 27 de Maio desse mesmo ano.

Opositor do regime Salazarista durante toda a vida (numa troca de correspondência, o ditador referiu-se a ele nestes termos: "É um inimigo do Regime. Dir-lhe-á mal de mim; mas não importa: é um grande escritor"), foi, além de excelente romancista, historiador, ensaísta e tradutor. Em suma, uma das figuras maiores da cultura portuguesa do século passado.

Publicou, entre contos e romances, mais de 70 obras. Na Biblioteca Municipal de Grândola poderá encontrar 33 títulos do Autor, de entre os quais se destacam:

A Via Sinuosa (1918)
Terras do Demo (1919)
O Malhadinhas (1920)
Estrada de Santiago (1922)
Andam Faunos pelos Bosques (1926)
Romance da Raposa (1929)
Batalha sem Fim (1931)
Volfrâmio (1944)
A Grande Casa de Romarigães (1957)
Quando os Lobos Uivam (1958)

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