Ilustre Desconhecido: Guillermo Cabrera Infante


Guillermo Cabrera Infante foi um escritor, ensaísta, tradutor e crítico cubano, nascido a 22 de Abril de 1929 em Gibara, na então Província do Oriente, hoje de Holguín.


Com apenas sete anos de idade foi detido, juntamente com os seus pais, fundadores do Partido Comunista Cubano, tendo assim conhecido, pela primeira vez, a prisão.


Aos dezoito anos vê, para surpresa sua, publicada a sua primeira história, El señor presidente. Em 1941, mudou-se com a família para Havana, onde começou por estudar medicina, carreira que abandonou a favor da sua paixão pela escrita e pelo cinema.


Em 1950, iniciou os seus estudos em Jornalismo na Universidade de Havana. Dois anos mais tarde, a censura do regime de Batista proíbe-o de publicar com o seu nome depois o considerar culpado de incluir obscenidades em inglês no seu primeiro conto. Cabrera Infante contornou a questão adoptando o pseudónimo de G. Caín (uma contracção do seu nome), com que assinaria, a partir de 1954, os seus artigos enquanto crítico de cinema da revista Carteles, com a qual colaborou até 1960.


Com a chegada de Castro ao poder, Cabrera Infante, apoiante da revolução, foi nomeado director do Conselho Nacional de Cultura, executivo do Instituto do Cinema e subdirector do Diário Revolución (actual Granma), encarregando-se do seu suplemento literário, Lunes de Revolución. A relação com o regime de Fidel deteriora-se quando uma curta-metragem realizada pelo seu irmão, Sabá Cabrera, rodada nos finais de 1960, é proibida pelo regime. A reacção de Cabrera Infante nas páginas do Lunes de Revolución conduziu ao cancelamento do suplemento. No ano seguinte, no seu discurso Palabras a los intelectuales, Fidel Castro pronunciaria as célebres palavras “Dentro de la Revolución todo; contra de la Revolución, nada.”. Chegava ao fim o idílio entre a revolução cubana e os intelectuais, tinha início o exílio do escritor.


Em 1962, foi enviado para Bruxelas como adido cultural da embaixada cubana, onde viveria com as duas filhas do seu primeiro casamento e com a segunda mulher até 1965, quando a repentina morte desta última o faz regressar a Cuba. Ao chegar à ilha foi detido, durante quatro meses, pelos serviços secretos. Daí sairia para o exílio definitivo que o levou à Espanha franquista, primeiro a Madrid, depois a Barcelona. Daí seguiu para Londres, onde se instalou definitivamente e onde, em 1968, publicou a sua primeira obra de vulto, Três Tristes Tigres. Considerado contra-revolucionário, o romance valeu ao escritor o título de traidor por parte do regime de Fidel Castro. Nunca mais regressaria a Cuba.


A sua escrita é caracterizada por um agudo sentido de humor, pelo grande domínio da coloquialidade cubana e por um forte recurso à intertextualidade. O escritor foi considerado pelo crítico Enrico Mario Santí como a encarnação do espírito literário cubano.


Das sua obras fazem parte, além do já citado Três Tristes Tigres, Fumo Sagrado e Havana para um Infante Defunto, adaptada ao cinema com guião do próprio autor com o nome de Havana, Cidade Perdida.


“O Mago das Palavras” morreu, como cidadão britânico, em 21 de Fevereiro de 2005.


Obras do autor disponíveis na Biblioteca:
- Fumo sagrado
- Havana para um Infante Defunto
- Havana, Cidade Perdida
(DVD)



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