O homem de nada

Era uma vez um homenzinho de nada. Tinha um nariz de nada, uma boca de nada, andava vestido de nada e calçava sapatos de nada. Pôs-se a caminho numa estrada de nada que ia dar a nada. Encontrou um rato de nada e perguntou-lhe: - Não tens medo dos gatos?
- Nenhum - respondeu o rato de nada -. Nesta terra de nada apenas existem gatos de nada com bigodes de nada e garras de nada. Além disso, eu respeito o queijo. Só como os buracos. Não sabem a nada mas são bons.
- Sinto a cabeça à roda - disse o homenzinho de nada.
- É uma cabeça de nada: mesmo que batas com ela contra a parede não te magoas.
O homenzinho de nada, querendo certificar-se, procurou uma parede onde bater com acabeça, mas a parede era de nada e, como tomara pouco balanço, foi parar ao outro lado. E também aí não havia nada de nada.
O homenzinho de nada estava tão cansado de todo aquele nada que adormeceu. E enquanto dormia sonhou que era um homenzinho de nada e andava por um caminho de nada e encontrava um rato de nada e também ele comia os buracos do queijo e o rato de nada tinha razão: não sabiam mesmo nada.

Giani Rodari in Novas histórias ao telefone

Comentários