O Naufrágio

Graças ao hábito do granjeio, como lhe chamava o meu pai, certo dia pude ver um naufrágio. Quem o trouxe para casa foi o meu tio, o solteiro, que coleccionava cartas.
- O que é que trazes hoje? - perguntei-lhe.
- Um naufrágio - respondeu.
- E o barco?
- Sem barco. Só naufrágio - disse, e subiu à duna, que naquele dia estava perto da janela que dava para o entardecer.
O naufrágio não se via, mas notava-se que era grande pesadelo.

Pablo Albo in "Diógenes"

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