Creio em ti, Deus: a fé viva De minha alma a ti se eleva És: -- o que és não sei. Deriva Meu sêr do teu: luz... e treva, Em que -- indistinctas! -- se envolve Este espirito agitado, De ti vem, a ti devolve. O nada, a que foi roubado Pelo sopro creador Tudo o mais, o há-de tragar. Só vive de eterno ardor O que está sempre a aspirar Ao infinito d'onde veiu Belleza és tu, luz és tu, Verdade és tu só. Não creio Senão em ti; o olho nú Do homem não vê na terra Mais que a dúvida, a incerteza, A fórma que engana e erra. Essencial! a real belleza, O puro amor -- o prazer Que não fatiga e não gasta... Só por ti os pode ver O que inspirado se affasta, Ignoto Deus, das ronceiras, Vulgares turbas: despidos Das coisas vans e grosseiras Sua alma, razão, sentidos, A ti se dão, em ti vida, E por ti vida têem. Eu, consagrado A teu altar, me prostro e a combatida Existência aqui ponho, aqui votado Fica este livro -- confissão sincera Da alma que ti vô...