Doidas, doidas, doidas andam as mamãs Pra deixar os filhos lá no infantário Perdem, perdem, perdem todos os comboios Chegam ao emprego fora do horário Arregaçam mangas pra fazer comida Todas convencidas que são cozinheiras Dormem muito menos do que desejavam E de manhãzinha notam-se as olheiras Doidas, doidas, doidas andam as mamãs Para conseguirem ver televisão Lavam biberões, também cozem maçãs E a um miminho não dizem que não Apanham migalhas, arrumam brinquedos Mesmo que em minutos fique tudo igual Aplicam castigos, afugentam medos E o bem-estar dos filhos é o principal Doidas, doidas, doidas andam as mamãs Para regressar a uma discoteca Usar um vestido sem rasgar collants Mas sem emoção a vida era uma seca Aprendem cantigas, inventam histórias Para adormecer melhor as filhotas Noite após noite ambicionam vitórias Mas dormir a sério só quando velhotas. Inês Guerreiro Relvas , in "Doidas, doidas, doidas andam as mamãs"