Poema da Semana
A minha vida está vivida
Já minha morte prepara
Seu pó de beladona
Viajarei ainda para me despedir das imagens
Antes de despir a túnica do visível
Em vão me engano
Verdadeiramente sou quem fui
Atravessando quartos forrados de espelhos ardentes
E diluída no fulgor da Primavera antiga
Se ainda busco o promont´rio de Sunion
É porque nele vejo a minha face despida
O mitológico mundo interior e exterior
Da minha própria unidade perseguida
Mas como despedir-me deste sal
Deste vento inventor de degraus e colunas
Como despedir-me das pedras deste mar
E deste denso amor inteiro e sem costuras
Sophia de Mello Breyner Andresen, in "Obra Poética"
(Poema inédito)
Já minha morte prepara
Seu pó de beladona
Viajarei ainda para me despedir das imagens
Antes de despir a túnica do visível
Em vão me engano
Verdadeiramente sou quem fui
Atravessando quartos forrados de espelhos ardentes
E diluída no fulgor da Primavera antiga
Se ainda busco o promont´rio de Sunion
É porque nele vejo a minha face despida
O mitológico mundo interior e exterior
Da minha própria unidade perseguida
Mas como despedir-me deste sal
Deste vento inventor de degraus e colunas
Como despedir-me das pedras deste mar
E deste denso amor inteiro e sem costuras
Sophia de Mello Breyner Andresen, in "Obra Poética"
(Poema inédito)
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