"Duas ou três vezes por mês, à sexta, o bufarinheiro descia ao Porto empurrando cansadamente o seu bazar de bugigangas e, enquanto de rua em rua ia subindo com o seu rouquíssimo pregão, um rasto de alpercates envelhecia, de porta em porta, aos olhos de quem o via da janela. Para guardar lugar, chegava de véspera. Vinha à tardinha, dos lados de Aldoar, e logo metia pelo Barredo em direcção ao rio, por ali se alistando a um balcão mal frequentado de taberna onde O-Unha-Encravada, já velho como ele, e sem idade, servia o pataco sopas de vinho e, lá mais para a noite, um caldo, sardinhas e pão. Para escapar ao relento, bastava-lhe o amparo de um arco, o braço de telheiro. E com o peso do mundo a carregar no sombrero, a sono solto acamava entre rodas, como um anjo, que entre estrelas frias dormisse. Alfinetes «Quem assim dorme já em vida pagou o que o mundo lhe tem a cobrar.» Pente «Se asim não fosse, pobre dele, até os cães o desprezariam; nem as crianças haviam de fechar-lhe nas mã...