"A notícia veio nos jornais: um desempregado de 23 anos, pai de dois filhos, deitou a mão a um dos belos cisnes do lago do Parque de Basílio Teles, em Matosinhos, torceu-lhe o pescoço e levava-o para casa, para o jantar da família, quando foi apanhado por um polícia. Os cisnes são, desde tempos imemoriais, símbolos de beleza e de perfeição e, nessa qualidade, «bibelots» vivos da decoração de lagos e jardins. Nos jardins suspensos da Babilónia; nos do «shogun», em Kyoto; em Pequim, nos do imperador; nos lagos imensos do palácio de Kublai Khan, como nos do edénico jardim inicial, vogaram - vogam eternamente - cisnes. Sob as suas formas tranquilas e longilíneas se ocultou Zeus para seduzir Leda e desse amor nasceu Helena, por cuja beleza morreram Aquiles e Heitor, Páris e Ajax, Ifigénia e Polixena, e caiu para sempre, em chamas, a orgulhosa Tróia. O infeliz herói desta crónica, todavia, não teve pelo seu lado nem a complacênc...