Jorge lia de pé
Jorge tinha o costume de ler de pé e andar inconscientemente pela casa como quem atende um telefone sem fios e dá voltas à mesa da sala. Não era nada de grave, na verdade. O género preferido de Jorge eram os contos e eles rapidamente acabavam, o que era bom, porque Jorge já contava uns anos nas pernas e não devia aguentar muito mais. Quando acabava o conto, acabava-se a caminhada pela casa. O que surpreendeu Babel , o seu gato, naquele dia em específico foi o livro mais grosso que o dono escolheu para ler, enquanto resmungava para dentro, na voz rouca de tão pouco uso, por não haver mais livros de contos para ler naquela casa. Jorge começou aquele romance com desinteresse, dada a sua desconfiança em relação a obras maiores. No entanto, à medida que se embrenhava na intriga, aparentemente de qualidade, levantou-se lentamente do cadeirão onde iniciava as suas leituras. Babel bocejou: lá ia ele começar as suas andanças. Preferiu então e...