A Fada Mouca

Era uma vez uma velhinha muito mouca, mais mouca que a minha avó! Esta velhinha foi um dia ao campo buscar um feixe de lenha e encontrou um rapazito com um cesto no braço, mas como era muito curiosa perguntou-lhe: "Donde vindes, rapazinho?" "Venho de Inglaterra." "Debaixo da terra? Oh! louvado seja Deus! E o que trazeis nessa cestinha?" "Um presunto." "Um defunto! Oh! louvado seja Deus! E o que trazeis na vossa mão?" "Uma cana verde." "Uma canela dele! Oh louvado seja Deus!"
O rapaz pôs-se a rir dos disparates que dizia a mouca, pelo que ela ficou muito zangada e lhe disse: "Visto que te ris de mim, eu te fado para que toda a tua vida não possas dizer senão: Cócórócó que estou nos ovos!"
E assim sucedeu! Até que o rapaz, desgostoso de não poder dizer mais palavra nenhuma, se matou!
E seja Deus louvado,
Está meu conto acabado.

António Thomaz Pires in "Contos Populares Alentejanos"

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