AS ALMAS Vejo passar, na infinda solidão, Vultos de almas, figuras de emoção; Os poetas do silêncio que não cantam, Os doidos que, de súbito, se espantam, Os que gelam, ao ver o luar nascente, Os que fitam a mesma estrela eternamente; Os perdidos da sorte, Os que chamam, gritando, pela morte! Os que andam, sem saber, pelos caminhos, Os que de noite vão, sempre a falar sozinhos, Os que vivem casados com a dor E a esconde, ciumentos; Os trágicos do Amor, Os que sentem astrais deslumbramentos, Os que matam e cantam por destino: O salteador nocturno, o poeta que é divino. Os tristes vagabundos Em perpétua e fantástica viagem... Os que amam a paisagem E têm nos olhos a amplidão dos mundos... Vultos de almas, figuras de emoção. Errantes, na infinita solidão. Teixeira de Pascoaes (8/11/1877 - 14/12/1952)