Poema da Semana
Um dos meus dias
Dia triste de inverno. Que amargura
A desta claridade fria e baça!
Aos meus olhos as cousas desfigura;
Não há linha gentil que não desfaça.
A transparência azul do céu tortura
E a cor lilás dos montes ameaça;
Desbota o mimo tenro da verdura
E a cada flor lhe despe a etérea graça.
Ermo poeta de génio, o doido vento
Vai recitando versos desvairados,
De estranha dor e ignoto sentimento,
Às árvores da terra, aos escarpados
Rochedos que fantástico tormento,
Pelos montes, deixou petrificados.
Teixeira de Pascoaes, in "Terra Proibida"
Dia triste de inverno. Que amargura
A desta claridade fria e baça!
Aos meus olhos as cousas desfigura;
Não há linha gentil que não desfaça.
A transparência azul do céu tortura
E a cor lilás dos montes ameaça;
Desbota o mimo tenro da verdura
E a cada flor lhe despe a etérea graça.
Ermo poeta de génio, o doido vento
Vai recitando versos desvairados,
De estranha dor e ignoto sentimento,
Às árvores da terra, aos escarpados
Rochedos que fantástico tormento,
Pelos montes, deixou petrificados.
Teixeira de Pascoaes, in "Terra Proibida"
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