Poema da Semana
Aqueloutro
O dúbio mascarado, o mentiroso
Afinal, que passou na vida incógnito;
O Rei-lua postiço, o falso atónito;
Bem no fundo o covarde rigoroso...
Em vez de Pajem bobo presunçoso...
Sua alma de neve asco de um vómito...
Seu ânimo cantado como indómito
Um lacaio invertido e pressuroso...
O sem nervos nem ânsia, o papa-açorda...
(Seu coração talvez movido a corda...)
Apesar de seus berros ao Ideal,
O corrido, o raimoso, o desleal,
O balofo arrotando Império astral,
O mago sem condão, o Esfinge gorda...
Mário de Sá-Carneiro (19 de Maio de 1890 - 26 de Abril de 1916)
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