"Uma criança sentou-se na tarde agreste e pintou o sol. A sala onde a criança estava, ficou iluminada e fresca. Depois, a criança misturou as tintas, a água, o sonho e, num grande cartão, lentamente, foi erguendo prados, lezírias, florestas, aves, flores inesperadas. Então, chamou a irmã que a um canto assistia à criação deste mundo original e disse: «Vamos fazer uma viagem!» E entraram os dois com seus olhos e sua imaginação pela tela dentro, alheios ao espanto de quem os contemplava nesse itinerário súbito da tarde de frio. Misteriosamente, trocavam palavras de silêncio, encontravam-se com anões, gigantes e animais estranhíssimos, metade bichos que, ora os assustavam, ora os desvaneciam. A certa altura a menina disse: - Vamos chamar a mamã? E o menino respondeu: - Não podemos. É muito alta. Não cabe nestes caminhos: ia pisar tudo e estes bichinhos ficavam tristes. Muito tristes. A mãe, imóvel numa cadeira, ali mesmo à entrada desse lugar im